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Alterações Eletrocardiograma

Bradicardia

Por definição se refere a uma frequência cardíaca inferior a 60 bpm.

Taquicardia

Por definição se refere a uma frequência cardíaca superior a 100 bpm.

Ritmo sinusal

É o ritmo normal do coração. O nodo sinusal é um grupo de células especializadas localizado no átrio direito e é onde o impulso elétrico normal do coração é gerado espontaneamente.

Arritmia sinusal

Não é uma arritmia verdadeira. Refere-se à variação da frequência cardíaca durante o ciclo respiratório. É normal e mais frequentemente observada em jovens.

Ritmo atrial ectópico

Quando o ritmo que dita a frequência do batimento cardíaco não é originada no nodo sinusal, mas sim em outra parte do átrio (direito ou esquerdo).

Bloqueio átrio ventricular de primeiro grau (BAV 1º)

Ocorre quando existe um atraso superior a 200 milissegundos entre a contração atrial e a ventricular. É uma discreta alteração no eletrocardiograma, que não causa sintomas e por si só não causa problemas.

Bloqueio átrio ventricular de 2 grau (BAV 2º) mobitz I

Ocorre um prolongamento progressivo do intervalo PR, culminando em uma onda P não conduzida, ou seja, batimento atrial sem batimento ventricular correspondente. Mobitz I é geralmente um ritmo benigno, geralmente assintomático ou causando distúrbios hemodinâmicos mínimos e com baixo risco de progressão para bloqueio cardíaco de terceiro grau. Pacientes assintomáticos não necessitam de tratamento. Marcapasso definitivo muito raramente é necessário.

Bloqueio átrio ventricular de 2 grau (BAV 2º) mobitz II

Ondas P não conduzidas intermitentes sem prolongamento progressivo do intervalo PR. É mais grave que o Mobitz II e está associado a doença mais avançada do sistema de condução elétrica do coração. Mobitz II é muito mais provável do que Mobitz I de estar associado a comprometimento hemodinâmico, bradicardia grave e progressão para bloqueio cardíaco de 3º grau. O início da instabilidade hemodinâmica pode ser repentino e inesperado, causando síncope ou morte cardíaca súbita. O risco de assistolia (parada completa do batimento cardíaco) é de cerca de 35% ao ano. Mobitz II exige admissão imediata para monitoramento cardíaco, estimulação temporária e, finalmente, inserção de marca-passo permanente.

Bloqueio átrio ventricular total ou de 3 grau (BAVT)

É grave. No bloqueio átrio ventricular total, há ausência completa de condução átrio ventricular - nenhum dos impulsos supraventriculares é conduzido para os ventrículos. O ritmo de perfusão é mantido por um ritmo de escape juncional ou ventricular. Normalmente, o paciente terá bradicardia grave com frequências atriais e ventriculares independentes. Como consequência, o paciente pode sofrer parada ventricular levando à síncope (se auto-limitada) ou morte cardíaca súbita (se prolongada).

Bloqueio de ramo direito incompleto (i.e. retardo de condução pelo ramo direito - BRDi)

É definido como um padrão de RSR 'em V1-3 com duração de QRS <120ms. É uma variante normal, comumente visto em crianças e sem significado clínico.

Bloqueio (completo) de ramo direito (BRD)

O impulso elétrico proveniente dos átrios desce através do sistema de condução específico, mas a via elétrica que ativa a contração do ventrículo direito encontra-se bloqueada. Desta forma o ventrículo esquerdo se contrai primeiro (usualmente os ventrículos se contraem quase simultaneamente). O bloqueio do ramo direito por si não é grave, e pode aparecer em pessoas aparentemente saudáveis. No entanto, pode ser indicativo de uma lesão significativa do coração motivada, por exemplo, por um ataque cardíaco anterior. De forma geral não necessita tratamento específico.

Bloqueio de ramo esquerdo (BRE)

O impulso elétrico proveniente dos átrios desce através do sistema de condução específico, mas a via elétrica que ativa a contração do ventrículo esquerdo encontra-se bloqueada. Desta forma o ventrículo direito se contrai primeiro (usualmente os ventrículos se contraem quase simultaneamente). O bloqueio do ramo esquerdo tende a ser mais grave que o bloqueio de ramo direito e é incomum na ausência de doença orgânica. Em idosos, é frequente estar associado à doença arterial coronariana causada por aterosclerose. De forma geral não necessita tratamento específico.

Bloqueio divisional anterossuperior esquerdo (BDAS)

O impulso elétrico é conduzido para o ventrículo esquerdo através do fascículo posterior esquerdo, que se insere na parede ínfero-septal do ventrículo esquerdo ao longo de sua superfície endocárdica. Isoladamente, o bloqueio divisional anterossuperior esquerdo não causa mau funcionamento do coração, não impede a prática de exercícios físicos, não aumenta o risco cirúrgico nem prejudica a gestação. Seu significado clínico depende da associação com uma doença cardíaca associada e de sua gravidade.

Bloqueio divisional posteroinferior esquerdo (BDPI)

O impulso elétrico é conduzido para o ventrículo esquerdo através do fascículo anterior esquerdo, que se insere na parede lateral superior do ventrículo esquerdo ao longo de sua superfície endocárdica. É mais raro que o BDAS e geralmente está associado a uma doença estrutural do coração, como a doença aterosclerótica coronariana ou a cardiopatia chagásica. Isoladamente, o bloqueio divisional posteroinferior esquerdo não causa mau funcionamento do coração, não impede a prática de exercícios físicos, não aumenta o risco cirúrgico nem prejudica a gestação. Seu significado clínico depende da associação com uma doença cardíaca subjacente e de sua gravidade.

Sobrecarga atrial esquerda

Sinal eletrocardiográfico que sugere aumento do tamanho do átrio esquerdo. Esta câmara pode crescer de tamanho, dilatar, como consequência de uma gama de patologias que irão submeter o átrio esquerdo a uma sobrecarga de pressão ou de volume. Como exemplos, temos a hipertensão arterial sistêmica, estenose mitral, insuficiência mitral, prolapso de válvula mitral, miocardiopatia hipertrófica e outros.

Sobrecarga atrial direita

Sinal eletrocardiográfico que sugere aumento do tamanho do átrio direito. Esta câmara pode crescer de tamanho, dilatar, como consequência de uma gama de patologias que irão submeter o átrio direito a uma sobrecarga de pressão ou de volume. Como exemplos, temos a hipertensão arterial pulmonar primária, doença pulmonar crônica (cor pulmonale), estenose de tricúspide, cardiopatia congênita (estenose pulmonar, tetralogia de Fallot) e outros.

Sobrecarga ventricular esquerda (SVE)

Sinais eletrocardiográficos que sugerem com uma boa especificidade a presença de hipertrofia muscular do ventrículo esquerdo, que pode ocorrer por aumento da espessura do músculo ou por dilatação da câmara cardíaca. O ventrículo esquerdo se hipertrofia em resposta a uma sobrecarga de pressão ou de volume, como um mecanismo adaptativo. Usualmente é secundária a um processo patológico, como a hipertensão arterial sistêmica, a estenose ou insuficiência aórtica. Porém a hipertrofia ventricular esquerda poderá estar presente em indivíduos saudáveis como os que praticam regularmente alguma modalidade de exercício físico (“coração do atleta”). Poderá também ser encontrada em pacientes com doença cardíaca genética, como a miocardiopatia hipertrófica.

A hipertrofia ventricular esquerda, quando não associada ao coração de atleta, já indica comprometimento cardíaco pela doença de base (seja ela pressão alta, doença de válvula ou miocardiopatia hipertrófica), devendo ser sempre acompanhada e tratada por um especialista. Se o eletrocardiograma sugerir sobrecarga ventricular esquerda é prudente prosseguir a investigação com um Ecocardiograma com Doppler. O tratamento e prognóstico dependem da doença de base.

Sobrecarga ventricular direita (SVD)

Sinais eletrocardiográficos que sugerem a presença de hipertrofia muscular do ventrículo direito, que pode ocorrer por aumento da espessura do músculo ou por dilatação da câmara cardíaca. O ventrículo direito se hipertrofia em resposta a uma sobrecarga de pressão ou de volume, como um mecanismo adaptativo. Ocorre por doenças que afetam os pulmões ou as artérias pulmonares. Asma, enfisema pulmonar, tromboembolismo pulmonar, hipertensão pulmonar primária (sem causa aparente), síndrome da apneia do sono e etc. O aumento da pressão das artérias pulmonares leva a sobrecarga de pressão no ventrículo direito, causando a hipertrofia. Se o eletrocardiograma sugerir sobrecarga ventricular direita é prudente prosseguir a investigação com um Ecocardiograma com Doppler. O tratamento e prognóstico dependem da doença de base.

Alterações secundárias da repolarização ventricular (ASRV)

A repolarização ventricular é o último evento do ciclo cardíaco. É a restauração do estado de repouso do músculo cardíaco. No eletrocardiograma a repolarização ventricular é analisada a partir do final do complexo QRS, ou seja do ponto J, até o final da onda T (portanto ponto J, segmento ST e onda T). Uma alteração secundária da repolarização ventricular significa que existe uma alteração da despolarização ventricular que secundariamente afeta a repolarização ventricular, como por exemplo, nos distúrbios de condução (bloqueios de ramos), na hipertrofia ventricular esquerda ou direita.

Alterações primárias da repolarização ventricular (APRV)

A repolarização ventricular é o último evento do ciclo cardíaco. É a restauração do estado de repouso do músculo cardíaco. No eletrocardiograma a repolarização ventricular é analisada a partir do final do complexo QRS, ou seja do ponto J, até o final da onda T (portanto ponto J, segmento ST e onda T). Uma alteração primária da repolarização ventricular significa que há uma condição presente que está afetando diretamente o processo de repolarização ventricular. Mais comumente este mecanismo é a isquemia miocárdica, secundária a doença aterosclerótica coronariana. Podem ser também causadas por miocardites, medicamentos, alterações hidroeletrolíticas (sobretudo relacionadas ao potássio e ao cálcio) e hiperventilação.

Alterações inespecíficas da repolarização ventricular (AIRV)

A repolarização ventricular é o último evento do ciclo cardíaco. É a restauração do estado de repouso do músculo cardíaco. No eletrocardiograma a repolarização ventricular é analisada a partir do final do complexo QRS, ou seja do ponto J, até o final da onda T (portanto ponto J, segmento ST e onda T). Uma alteração inespecífica da repolarização ventricular usualmente refere-se a alterações da onda T, achatamento, ausência ou discreta inversão. Como o próprio nome diz, é inespecífico, e não quer dizer que haja alguma patologia. Hipertensão arterial, doença valvar, coronariana e mesmo corações normais podem apresentar alterações inespecíficas da repolarização ventricular no ECG.

Zona eletricamente inativa

Refere-se a uma região do coração onde não existe uma atividade elétrica normal dos ventrículos. A causa mais comum é o infarto miocárdico antigo. O tecido miocárdico de cicatrização perde a capacidade de se contrair e portanto não conduz eletricidade. Usualmente o laudo do eletrocardiograma descreve a parede do coração onde se encontra a zona elétrica inativa (parede anterior, septal, inferior...). Exames de imagem cardíacos como o Ecocardiograma ou a cintilografia miocárdica podem esclarecer se a região mostrada no eletrocardiograma realmente é uma área de infarto antigo.

Isquemia subendocárdica

Isquemia é uma restrição no fornecimento de sangue aos tecidos, causando uma falta de oxigênio, necessário para o metabolismo celular. Após a oclusão total ou parcial de uma artéria coronária, a isquemia produz repolarização anormal das células do miocárdio, causando alterações no segmento ST e na onda T. O subendocárdio é a área mais sensível à isquemia e é a primeira área a sofrer deficiência de oxigênio. A repolarização anormal causa ondas T altas (ondas T pontiagudas), acompanhadas por um alongamento do intervalo QT.

Isquemia subepicárdica

Isquemia é uma restrição no fornecimento de sangue aos tecidos, causando uma falta de oxigênio, necessário para o metabolismo celular. Após a oclusão de uma artéria coronária, a isquemia produz repolarização anormal das células do miocárdio, causando alterações nos segmento ST e na onda T. A isquemia subepicárdica (isquemia transmural) causa um atraso na repolarização de todo o miocárdio da área afetada, gerando ondas T negativas ou achatadas no eletrocardiograma.

Progressão lenta da onda R na parede anterior

A falta de progressão ou pequena progressão da onda R em parede anterior (ou a diminuição de R de V2 para V3 ou de V3 para V4) é sugestiva de área eletricamente inativa anterior. Entretanto pode ser causado por diversas outras condições, como mal posicionamento dos eletrodos, bloqueio completo do ramo esquerdo, sobrecarga ventricular esquerda ou direita, pré-excitação ventricular, bloqueio divisional ântero-superior esquerdo e também uma variante normal.

Extrassístole supraventricular (ESSV)

É um batimento cardíaco prematuro decorrente de um foco ectópico dentro dos átrios, gerando ou complexo QRS semelhante ao gerado pelo ritmo sinusal. Quando muito frequente pode causar sensação de palpitação e coração acelerado. O tratamento é reservado para os casos sintomáticos.

Extrassístole ventricular (ESV)

É um batimento cardíaco prematuro decorrente de um foco ectópico dentro dos ventrículos, gerando ou complexo QRS bizarro no eletrocardiograma. A contração ventricular não se dá pela via elétrica normal do coração, mas através do impulso elétrico gerado dentro de um dos ventrículos. As ESVs são um fenômeno eletrofisiológico normal que geralmente não requer investigação ou tratamento. Porém, quando a intensidade das extrassístoles ventriculares é superior a 25-30% dos batimentos totais em 24 horas, ele pode gerar uma disfunção na força de contração do ventrículo esquerdo, causando uma taquicardiomiopatia, devendo, portanto, ser investigada e tratada.

Podem causar palpitações e uma sensação do coração "falhando uma batida". Em pacientes com predisposições subjacentes (por exemplo, doença cardíaca isquêmica, Wolf Parkinson White), uma ESV pode desencadear o aparecimento de uma taquiarritmia reentrante, por exemplo, taquicardia ventricular, taquicardia supraventricular reentrante AV e taquicardia supraventricular reentrante AV nodal.